Combo Escuta Psicanalítica

Um dos temas mais fascinantes da Clínica Psicanalítica é o da Escuta. Ela é, sem dúvida, única em sua especificidade. O psicanalista escuta de forma diferente do que qualquer outro indivíduo, seja um leigo ou mesmo um profissional da área da saúde ou psicólogo. 

Quando alguém nos diz algo na mesa de um bar ou em uma festa da família, escutamos quase sempre apenas seu discurso consciente. Quase nada além de sua fala é levado em consideração, e é necessário que assim seja, caso contrário é impossível viver. Não suportaríamos viver interpretando tudo a todo tempo. Mas, quando estamos em nosso consultório, escutamos muito mais.

A escuta psicanalítica é rica, complexa, cheia de características e bela. Saber escutar como um psicanalista é algo que leva tempo, às vezes, muito tempo. Veja abaixo alguns itens definidores de nossa escuta (todos eles serão abordados nas aulas deste curso):

• O Silêncio. A psicanálise talvez seja a única disciplina capaz de entender vários dos significados escondidos no silêncio.
• A Transferência. A transferência de emoções e sentimentos de um indivíduo para outro, para citar só uma característica da transferência, é um fenômeno universal, mas conseguir escutar corretamente e interpretar a transferência é uma das capacidades que diferencia o psicólogo que trabalha com psicanálise.
• A Contratransferência. A escuta da contratransferência, ou seja, as respostas inconscientes do analista em relação a transferência do paciente, é uma ferramenta poderosa para se entender o que acontece no setting.
• Os Atos Falhos. Na aula sobre atos falhos você aprenderá a interpretar um ato falho, mas não como um leigo, mas como um psicanalista o interpreta.
• A Comunicação Não Verbal. A escuta da comunicação não verbal era algo que Freud sempre levava em conta, e até hoje é central para o psicanalista. 
• Os Sonhos. Todo psicanalista tem que saber como escutar o relato de um sonho, pois é essa escuta que precede a interpretação. Freud dizia, e isso ainda é verdade, que o sonho é a via régia ao inconsciente. 
• Os Sintomas. Nunca esqueçamos que o sintoma fala, uma vez que ele é a convergência de duas intenções opostas, uma que deseja e a outra que se rebela contra o desejo.
• A Introjeção projetiva. Você sabia que tudo aquilo que escutamos em nosso dia a dia não é exatamente o que nos foi dito? Você sabia que cada coisa que introjetamos na forma de escuta é invariavelmente transformada? Escutamos por meio de nossa limitada estrutura de captação e percepção, e esta é sempre diferente da de nosso paciente. Ou seja, quase nunca escutamos o que de fato o paciente quer dizer, mas sempre algo um pouco transformado por nós. Essa aula fará você rever sua escuta.
• Os nossos devaneios e pensamentos. Sabe aqueles devaneios que nos afastam do que o paciente está dizendo? Por exemplo, quando você começa a pensar no casamento de sua tia enquanto o paciente te conta algo. Pois é, eles também podem ser escutados e inseridos em nossa busca por compreender o que está acontecendo no campo analítico.

Além dos temas acima, ainda temos duas aulas a mais. Uma é sobre a atenção flutuante, que nos ensina que não iremos ficar obsessivamente tentando entender cada uma dos itens listados. É a atenção flutuante que nos permite escutar "tudo ao mesmo tempo", sem estar focado em algo. 

E, por fim, temos uma aula sobre a primeira entrevista em psicanálise. Ela não é diretamente sobre a escuta, mas de certa forma está ligada ao tema. 

As aulas acima não foram criadas para um curso de escuta. Elas não estão interligadas entre elas. Cada uma foi criada dentro de um contexto específico e individual. Ou seja, o que nos permite reuni-las aqui é o tema, uma vez que abordam de forma direta ou indireta o tema da escuta em psicanálise. 

Aproveite e bons estudos.